segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Reflexão a partir de Neruda.


O Tempo que não se perdeu

Pablo Neruda

 

Não se contam as ilusões

Nem as compreensões amargas,

não há medida para contar

o que não podia acontecer-nos

o que nos rondou como besouro

sem que tivéssemos percebido

o que estávamos perdendo.

       Perder até perder  a vida

       É viver a vida e a morte

       Não são coisas passageiras

       Mas sim constantes, evidentes,

       A continuidade do vazio,

       O silêncio em que cai tudo

       E por fim nós mesmos caímos.

Ai! O que esteve tão cerca

Sem que pudéssemos saber.

Ai! O que não podia ser

Quando talvez podia ser.

     Tantas asas circunvoaravam

      As montanhas da tristeza

      E tantas rodas sacudiram

      A estrada do destino

      Que já não há nada a perder.

Terminaram-se os lamentos.

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