sexta-feira, 31 de julho de 2015

AS PORTAS?

As Portas
Gildo Alves Bezerra

As portas da vida
Se abrem como entrada
E também como saída.
                 Não perca o trem
                 Da vida
                Também não fique
                Apenas a esperar
                O trem
                E o aumento pro mês
                Que vem.
A rebeldia
Será nosso trem
Que constrói nosso bem.
Ensinará
Para os ditadores
Dias de desgraça.
E para nossa categoria
Dias de graças.
                 Conduza-se pela porta da frente.
                 Siga no trem da vida
                 Pelos caminhos da decência.
Não se esqueça
Das lições de decência
Dos momentos de rebeldia.
Como bem disse o poeta:
“Glória a todas as lutas inglórias/
Que através da nossa história/
Não esquecemos jamais!”
Só a luta constrói novos dias
Nossos dias.
                   Os oprimidos têm que ter
                    Seus cantos de louvor.
Não devemos adorar a qualquer senhor
Abaixo a submissão.
                                Somos sujeitos de nossas ações
                                E emoções
                               No ritmo da batida do tambor
                               Conduzimos emoções e ações
                               Pelo caminho da justiça e
                               Igualdade social.
Não é isso que temos
No chão das escolas
Não é hora de guardar
Nossas violas.
                      Valorização profissional
                      É o canto melhor
                      Seja no canto da acauã
                      Ou do sabiá.
Essa é uma das formas de
“Democratizar nossa democracia”.
Será que você se importa

Com quais portas se abrem e se fecham?     

quarta-feira, 29 de julho de 2015

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Educai as Crianças Politicamente.

Educai as Crianças
Gildo Alves Bezerra

“Educai as crianças
Que não será necessário
Punir os homens.”
Como não pensar?
Que educação que existiu
Em nosso Brasil
Se hoje existem homens
Que esse sonho consome!!!
             Destruidores das esperanças querem punir as crianças.
             Devem ter sido da geração coca-cola!
             Hoje ao invés de construírem escolas,
             Travestem-se de representantes do povo,
             Mas querem a redução da maioridade penal.
Onde há a violência?
Nas crianças e na adolescência?
Ou nos senhores da fome,
No discurso hegemônico do Parlamento.
Que ao povo só resta os lamentos
Por vê-los envolvidos em mundo lamacento!!!
                 Quem deve ser punido? Crianças e adolescentes!!!!
Mas, não seria a forma e conteúdo
 De tirar o foco do mundo absurdo da corrupção do capitalismo?
Que cinismo!!!! Querem manter o domínio de “ditas lideranças do povo”

Com a injustiça, com a desigualdade... e ainda se dizem representantes de nossa sociedade!!! Quem deveria ir pra prisão?

sábado, 25 de julho de 2015

Viva as Lutas inglórias.

O Mestre-Sala Dos Mares
João Bosco
 
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias

Glória à farofa
à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais

Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais


Mas faz muito tempo

Atualmente que seriam os indiferentes e são indiferentes ao que?

Os Indiferentes
Antonio Gramsci
11 de Fevereiro de 197
Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.
A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.
Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.