Dois
Golpes no Brasil: da Tragédia a farsa
“Citando Hegel, Marx
escreveu no 18 de Brumário de Luís Bonaparte que os acontecimentos históricos
se repetem duas vezes: primeiro como tragédia, segundo como farsa. Isso se
aplica perfeitamente ao Brasil. O Golpe de Estado militar de abril de 1964 foi
uma tragédia que mergulhou o Brasil em vinte anos de ditadura militar, com
centenas de mortos e milhares de torturados. O golpe de Estado parlamentar de
maio de 2016 é uma farsa, um caso tragicômico, em que se vê uma cambada de
parlamentares reacionários e notoriamente corruptos derrubar uma presidente
democraticamente eleita por 54 milhões de brasileiros, em nome de “irregularidades
contábeis”. O principal componente dessa aliança de partidos de direita é o
bloco parlamentar ( não partidário) conhecido como “a bancada BBB”: da “Bala”
(deputados ligados à Polícia Militar, aos esquadrões da morte e às milícias
privadas), do “Boi” (grandes proprietários de terra, criadores de gado) e da “Bíblia”
( neopentecostais integristas, homofóbicos e misóginos). Entre os partidários
mais empolgados com a destituição de Dilma destaca-se o deputado Jair Bolsonaro
(PP), que dedicou seu voto pela abertura do processo de impeachment na Câmara
aos oficiais da ditadura militar, notadamente ao coronel Brilhante Ustra, um
torturador notório. (Uma das vítimas de Ustra foi Dilma Rousseff, que no início
dos anos 1970 era militante de um grupo de resistência armada, e também meu
amigo Luiz Eduardo Merlino, jornalista e revolucionário, morto em 1971 sob
tortura, aos 21 anos de idade).”
Fonte: Por que gritamos
GOLPE? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil
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