Patrimonialismo:
Del Rey
Gildo Alves Bezerra
Como pensar a sociedade Sergipana sem
utilizar-se da Política, dos conceitos de Patrimonialismo, de República e de
Estado? Principalmente, neste cenário melodramático que vivenciamos da política
Sergipana marcada nos últimos anos pela violência legítima do critério da
Hereditariedade e do Patrimonialismo na ocupação dos espaços públicos em nossa Sociedade brasileira e local.
Para Gramsci a política permaneceria
marcada “pela preeminência histórica e teórica de uma idéia política como chave
de análise e de interpretação do mundo moderno e contemporâneo”. O mesmo Afirma
“que a própria literatura e as artes em geral entram certamente na dimensão da
política, embora não sejam redutíveis por completo a ela”.
Então, faz se necessário entender que
“Patrimonialismo é um termo utilizado para descrever a falta de distinção por
parte dos líderes políticos entre o patrimônio público e o privado em
determinado governo de determinada sociedade”. Logo, vos pergunto não é essa
falta de distinção entre o que é público e o que privado que vivenciamos na
sociedade Brasileira e Sergipana? Por que será que algumas famílias,
brasileiras e em especial sergipanas, se apossam dos espaços políticos como se
fossem verdadeiras capitanias hereditárias?
Num Estado que pode ser definido como
“uma relação de dominação do homem sobre o homem, fundada no instrumento da
violência legítima” que só pode existir “sob a condição de que homens dominados
se submetem à autoridade continuamente reivindicada pelos dominadores”.
Após o golpe de 15 de novembro de 1889,
três diferentes grupos passaram a disputar o poder, cada qual com um projeto
para a República: o Oligárquico, o Militar e Democrático.
O projeto oligárquico era defendido pelos
proprietários de terra e propunha uma República liberal, com maior autonomia
das províncias e controle político em mãos das elites locais.
Já o projeto militar, proposto pelas altas
patentes do exército, era a favor de uma espécie de ditadura, de um governo
forte, centralizador e “progressista”.
Por sua vez o projeto democrático tinha
como adeptos jornalistas, estudantes, profissionais liberais e outros grupos
sociais urbanos que desejavam a ampliação da participação popular nos processos
políticos.
“A
história da República brasileira (...) é o resultado dramático da força
inercial das estruturas políticas e econômicas excludentes, herdadas da Colônia
e reforçadas (...) sob uma roupagem republicana, e nas lutas sociais múltiplas
e plurais para superá-las (...)”.
Dito tudo isso, Retornemos ao conceito de “Patrimonialismo
é um termo utilizado para descrever a falta de distinção por parte dos líderes
políticos entre o patrimônio público e o privado em determinado governo de
determinada sociedade”. E vamos ver o conceito de hereditário “que se transmite
por herança”.
A história política de Sergipe tem sido de
alianças do projeto oligárquico defendido
pelos grandes proprietários de terra e aliado ao projeto militar, proposto pelas altas patentes do exército, a favor
de uma espécie de ditadura. Tudo isso, em nome de um projeto de república
conservador e excludente de grande parcela da população Sergipana- indígenas e
afro-descentes.
Muito embora, não podemos negar que a
história da República (...) “significou a entrada na cena política e econômica
de outros grupos sociais, que pressionavam por mais direitos, maior
representação política e mais participação na distribuição das riquezas
nacionais”.
Nos últimos anos o que vivenciamos na política
sergipana são o patromonialismo e as capitanias hereditárias na ocupação de
espaços público da sociedade sergipana por famílias (Francos, Alves, Valadares,
Mouras, Amorim, Fiqueiredos, Mitidieri, Reis, Costas, Barretos etc.) que se
acham proprietárias dos destinos e sonhos do povo de Sergipe. Sergipe seria
para os sergipanos? A coisa será pública?
Essa prática patrimonial e hereditária
consolida uma representação política herdeira dos Golpes
civil-militar-empresarial de 1964-1985 e Golpe midiático-judicial-congresso de
2016-... no domínio do poder em Sergipe. E dificulta a participação da classe
trabalhadora na distribuição das riquezas nacionais.