segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O que é Patrimonialismo?


Patrimonialismo: Del Rey

Gildo Alves Bezerra

      Como pensar a sociedade Sergipana sem utilizar-se da Política, dos conceitos de Patrimonialismo, de República e de Estado? Principalmente, neste cenário melodramático que vivenciamos da política Sergipana marcada nos últimos anos pela violência legítima do critério da Hereditariedade e do Patrimonialismo na ocupação dos espaços públicos em nossa Sociedade brasileira e local.
       Para Gramsci a política permaneceria marcada “pela preeminência histórica e teórica de uma idéia política como chave de análise e de interpretação do mundo moderno e contemporâneo”. O mesmo Afirma “que a própria literatura e as artes em geral entram certamente na dimensão da política, embora não sejam redutíveis por completo a ela”.
       Então, faz se necessário entender que “Patrimonialismo é um termo utilizado para descrever a falta de distinção por parte dos líderes políticos entre o patrimônio público e o privado em determinado governo de determinada sociedade”. Logo, vos pergunto não é essa falta de distinção entre o que é público e o que privado que vivenciamos na sociedade Brasileira e Sergipana? Por que será que algumas famílias, brasileiras e em especial sergipanas, se apossam dos espaços políticos como se fossem verdadeiras capitanias hereditárias?
      Num Estado que pode ser definido como “uma relação de dominação do homem sobre o homem, fundada no instrumento da violência legítima” que só pode existir “sob a condição de que homens dominados se submetem à autoridade continuamente reivindicada pelos dominadores”.
     Após o golpe de 15 de novembro de 1889, três diferentes grupos passaram a disputar o poder, cada qual com um projeto para a República: o Oligárquico, o Militar e Democrático.
     O projeto oligárquico era defendido pelos proprietários de terra e propunha uma República liberal, com maior autonomia das províncias e controle político em mãos das elites locais.
     Já o projeto militar, proposto pelas altas patentes do exército, era a favor de uma espécie de ditadura, de um governo forte, centralizador e “progressista”.
     Por sua vez o projeto democrático tinha como adeptos jornalistas, estudantes, profissionais liberais e outros grupos sociais urbanos que desejavam a ampliação da participação popular nos processos políticos.
    “A história da República brasileira (...) é o resultado dramático da força inercial das estruturas políticas e econômicas excludentes, herdadas da Colônia e reforçadas (...) sob uma roupagem republicana, e nas lutas sociais múltiplas e plurais para superá-las (...)”.
    Dito tudo isso, Retornemos ao conceito de “Patrimonialismo é um termo utilizado para descrever a falta de distinção por parte dos líderes políticos entre o patrimônio público e o privado em determinado governo de determinada sociedade”. E vamos ver o conceito de hereditário “que se transmite por herança”.
    A história política de Sergipe tem sido de alianças do projeto oligárquico defendido pelos grandes proprietários de terra e aliado ao projeto militar, proposto pelas altas patentes do exército, a favor de uma espécie de ditadura. Tudo isso, em nome de um projeto de república conservador e excludente de grande parcela da população Sergipana- indígenas e afro-descentes.
    Muito embora, não podemos negar que a história da República (...) “significou a entrada na cena política e econômica de outros grupos sociais, que pressionavam por mais direitos, maior representação política e mais participação na distribuição das riquezas nacionais”.  
     Nos últimos anos o que vivenciamos na política sergipana são o patromonialismo e as capitanias hereditárias na ocupação de espaços público da sociedade sergipana por famílias (Francos, Alves, Valadares, Mouras, Amorim, Fiqueiredos, Mitidieri, Reis, Costas, Barretos etc.) que se acham proprietárias dos destinos e sonhos do povo de Sergipe. Sergipe seria para os sergipanos? A coisa será pública?
     Essa prática patrimonial e hereditária consolida uma representação política herdeira dos Golpes civil-militar-empresarial de 1964-1985 e Golpe midiático-judicial-congresso de 2016-... no domínio do poder em Sergipe. E dificulta a participação da classe trabalhadora na distribuição das riquezas nacionais.
     




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