quinta-feira, 14 de março de 2013

HIP_HOP

Reza a cartilha que hip hop é coisa de
preto, pobre, macho, politizado, socialmente
consciente, independente, raivoso. Mas
nem tudo é verdade nesse mundo. Conforme
lembra Nelson Triunfo, pioneiro do rap e do break,
a cultura hip hop foi importada dos Estados Unidos,
inicialmente, por gente que tinha a grana
necessária para ir até lá e aprender a dançar. Depois
é que se alastrou pela periferia. Ou seja: rap já
foi coisa só de bacana. Também não é coisa só
de macho – que o digam as meninas do Lady
Rap, a garota chamada De Menor ou o grupo
Apologia das Pretas Periféricas. Elas sabem que
é um meio mais machista do que macho. Uma
infinidade de mitos e clichês cerca o gênero.
Que também não é coisa independente (já foi).
Basta ver que MV Bill, um dos mais raivosos
rappers da atualidade, foi um dos apresentadores
daquele arremedo de Grammy chamado Video
Music Brasil, em 1999. E lembrar que os Racionais
venderam mais de 1 milhão insuflados
pela força da indústria.
Mas não foi só para pôr um pingo nos is da
cultura hip hop que Janaina, Mirella e Patrícia
saíram a campo, vasculhando dos presídios de
São Paulo à Ceilândia (DF), da Praça Roosevelt
ao metrô São Bento. Elas também amam o rap
de Thaíde e DJ Hum. Reconhecem a legitimidade
da linguagem do rap e seu discurso eficiente,
seu poder de fogo na luta de garotos e garotas
marginalizados. A diferença é que, além de gostar
da coisa, elas também são curiosas: querem
saber como, por que, quem, onde, pra quê.
Essas meninas mostram aqui, em Hip Hop –
A periferia grita, que não basta ter método e acesso
à informação para fazer um bom levantamento
historiográfico de uma coisa que ainda está no
seu auge. É preciso ter vontade e capacidade de
discernimento também. Duvida? Então mostre-
me um b.boy que tenha iluminado assim
com tanta clareza o seu próprio caminho! Yo!
Jotabê Medeiros
R

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