sábado, 20 de fevereiro de 2016

Por que será que os governos locais tentam negar essa relação A África no Brasil e o Brasil na África ?

A África no Brasil e o Brasil na África
Gildo Alves Bezerra


"(...) A memória coletiva é não somente uma conquista. É também um instrumento e objeto de poder".
 Jacques Le Goff

       “A história da África alcançara a maioridade nos meios intelectuais e universitários africanos, europeus e norte-americanos. E no Brasil? No Brasil, onde tanto avançaram os estudos sobre escravidão e sobre os descendentes de africanos e seu papel na fecundação do nosso território e na invenção de nossa gente, não houve até agora o mesmo entusiasmo, nem se mostraram resultados semelhantes...”
        Este cenário descrito anteriormente é no período em que o Ensino de história da África e Cultura Afro-brasileira tornam-se uma política de Estado. Vejam bem estamos falando de uma política de Estado e não simplesmente de uma política de governo, que pode apresentar uma transitoriedade. Cabe-nos fazer a seguinte assertiva que não houve até agora o mesmo entusiasmo, nem se mostraram resultados semelhantes sobre o estudo de história da África no Brasil. Talvez, tudo isso, represente uma das formas do racismo no Brasil- o racismo institucional. Principalmente por parte dos governos locais: estaduais e municipais.
        Em novembro de 2008, o Governo Federal lança “Contribuições para implementação da lei 10.639/2003. Em suas metas e estratégias, o documento prevê e enfatiza as diferentes responsabilidades dos poderes executivos, dos legislativos e dos conselhos de educação municipais, estaduais e nacional e de demais instituições públicas no processo de implementação e institucionalização da lei n. 10.639/2003 nos sistemas de ensino. Destaque é dado ao desenvolvimento da transparência da ação governamental e do controle social a ser exercido por organizações e movimentos da sociedade civil.
         No dia 20 de julho de 2010 entrou em vigor a lei federal nº 12.288, o Estatuto da Igualdade Racial, contendo uma série de direitos, obrigações estatais, objetivos e metas que dizem respeito a todos os brasileiros.
         O Estatuto da Igualdade Racial abarca um conjunto de garantias: adota o princípio jurídico da promoção da igualdade/ação afirmativa; inclusão social da população negra; acesso à saúde; educação, cultura e lazer; liberdade de crença; acesso à terra e moradia; trabalho e meios de comunicação.
        Há ainda três características nesta lei que requerem especial atenção de gestores, operadores do Direito e organizações sociais:
• Descentralização da política de promoção da igualdade racial, comprometendo a União, Estados, Distrito Federal e municípios;
• Previsão de que os orçamentos da União, Estados, Distrito Federal e municípios criem rubricas específicas para programas e ações de promoção da igualdade racial;
• Reconhecimento de que a responsabilidade do Estado na execução destas políticas somente terá êxito se contar com a contribuição da sociedade civil, das empresas e dos indivíduos.
        O Estatuto da Igualdade Racial é um marco jurídico cuja efetivação confere nova estatura ao nosso país, tornando-o mais democrático, justo e igualitário.
        Com todo esse cenário de política de Estado a história da África deveria ter alcançado a maioridade nos meios intelectuais e universitários brasileiro. Mas, o racismo institucional. Principalmente por parte dos governos locais: estaduais e municipais. Talvez tenta dificultado o desenvolvimento dessa maioridade e impeça que o mesmo chegue a melhoria da relação Ensino-aprendizagem. O Estatuto da Igualdade Racial Prevê que os orçamentos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios devem separar recursos para programas e ações de promoção da igualdade. E também diz que cabe ao Estado produzir materiais didático-escolares, subsidiar a formação inicial e continuada de professores, financiar estudos e pesquisas e orientar os sistemas de ensino na implementação de políticas educacionais igualitárias. "O estudo da legislação educacional voltada para a questão etnicorracial (Brasil, 2001,2003,2004,2006,2010) possibilita compreender o papel dessa legislação para a construção de uma educação e de uma sociedade antirracista". (Lima,2014)


Bibliografia
MEC. Contribuições para Implementação da Lei 10.639/2003. Gov. Federal- Mec, Novembro de 2008.
Estatuto da Igualdade Racial: Nova Estatura para o Brasil.CEERT.
Lima, Maria Batista. A lei 10.639/03 e a educação para as relações etnicorraciais:Uma reflexão.

Silva, Alberto da Costa e. Uma Rio Chamado Atlântico a África no Brasil e o Brasil       na  África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Ed.UFRJ, 2003.

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