– 15 de
junho de 2013Publicado em: Artigos e Documentos, Notícias
Diante das mobilizações contra os
aumentos e pela reversão das tarifas do transporte coletivo em diversas cidades
do país, a Direção Nacional da Articulação de Esquerda, tendência interna do
Partido dos Trabalhadores, manifesta seu repúdio à repressão: a questão social
não é caso de polícia e, portanto, não deve ser tratada dessa maneira. O
direito à livre manifestação foi conquistado duramente e não podemos permitir
que seja ameaçado.
A ação truculenta da PM-SP já virou rotina em toda
e qualquer manifestação popular, o que reforça a necessidade de rever o modelo
de polícia militarizada vigente no país e demonstra o autoritarismo do governo
estadual e seu desprezo pelas demandas populares. Atos isolados de provocadores
inconsequentes não podem servir de pretexto para a ação violenta dos órgãos de
repressão, especialmente da Polícia Militar do estado de São Paulo, sob comando
do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Consideramos que frente às legítimas reivindicações
de setores da população, cabe aos governos negociar. Neste caso, negociar na
perspectiva de reverter o aumento das passagens e, principalmente, alterar os
parâmetros que organizam o transporte público nas cidades brasileiras, que deve
ser financiado cada vez mais coletivamente, pelos impostos, e não
individualmente, pelos usuários, via pagamento de tarifas.
É importante lembrar que as manifestações das
juventudes brasileiras dos grandes centros urbanos demonstram que a
insatisfação com os transportes não se limita ao preço da tarifa. Constituem
também uma reação contra um modelo que privilegia a lucratividade da iniciativa
privada, que explora economicamente o direito fundamental de mobilidade, que é
especialmente prejudicado nas regiões metropolitanas.
Para esquerda brasileira, em especial para o
Partido dos Trabalhadores, estas manifestações devem servir como um alerta
acerca do mal-estar existente nas juventudes, nos setores populares, nos
grandes centros urbanos. Afinal, apesar do Brasil estar hoje muito melhor do
que na era neoliberal e muito melhor do que estaríamos se os tucanos tivessem
vencido as eleições de 2002, 2006 e 2010, ainda assim o país continua sendo
brutalmente desigual.
Uma desigualdade que está presente na vida pessoal
e na vida pública. O acesso à habitação, à saúde, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, à comunicação, ao transporte e, de maneira geral, o acesso a
tudo aquilo que a vida urbana pode nos oferecer, ainda é distribuído de maneira
totalmente desigual. A isto se agrega a violência, que atinge especialmente as
periferias e os setores populares, inclusive por obra de uma polícia tantas
vezes racista e brutal.
Também por isto, o PT deve enxergar nesta explosão
de parcelas da juventude de nossas cidades não apenas um sinal de alerta, mas
um sinal de vitalidade, um ponto de apoio fundamental para nós que desejamos
prosseguir na obra que iniciamos em 1980 e que continuamos desde 2003.
Por isto dizemos aos nossos governos que negociem.
Por isto propomos aos nossos parlamentares e militantes, que estejam presentes
nas manifestações. Para defender o direito à mobilização, para isolar os
provocadores e, principalmente, para apoiar a luta por uma vida melhor. Pois é
a luta que faz a lei.
O papel de defender a ordem e o status quo é das
forças da direita. A nós cabe lutar para ultrapassar os limites do possível.
Por isto, nós do PT devemos ser os primeiros a dar um viva às manifestações e
clamar para que não sejam passageiras.
Direção Nacional da Articulação de Esquerda
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